De São Paulo para Campinas
Muitas empresas têm redirecionado seus eventos, que antes aconteciam em São Paulo, para cá, destaca especialista
O número de eventos de negócios realizados no Brasil vem crescendo com energia nos últimos anos - só em 2011, a evolução foi de 43% em relação ao ano anterior, segundo pesquisa feita pelo Instituto Alatur, especializado no mercado de viagens corporativas.
E a Região Metropolitana de Campinas não fica de fora deste aquecimento: já são cerca de seis mil eventos por mês, que movimentam perto de R$ 1 bilhão por ano, de acordo com o Campinas e Região Convention & Visitors Bureau.
'As razões para isso são uma logística excelente, já que estamos perto da Capital, temos um aeroporto de grande porte e algumas das melhores rodovias do Estado. Além disso, das 500 maiores empresas do mundo, têm unidades na região”, disse o gerente executivo do Bureau, Thiago Ferraro.
A diretora geral do The Royal Palm Plaza, Sandra Neumann, aponta outras boas razões para números tão robustos. 'Campinas vem acompanhando o desenvolvimento econômico do Brasil e a região é dona de um dos maiores PIBs do País. E isso está diretamente ligado ao mercado de eventos de negócios”, disse.
Pelos números da Alatur, a taxa de ocupação nos hotéis de Campinas é uma das maiores do País, proporcionalmente superior até a capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba - a cidade perde apenas para a do Rio de Janeiro. Enquanto a média no Brasil é de 67%, a de Campinas é de 72%.
Segundo José Eduardo Porto, sócio-diretor do Grupo Nogueira Porto, que administra a rede Vitória Hotéis, 90% dos hóspedes da rede são pessoas que vêm ao interior a negócios.
Para Tiago Piccirilo, gerente geral do Royal Palm Tower e Royal Palm Residence, espaço para o crescimento do setor de eventos não falta. “Há vôos diários de quase todas as capitais brasileiras para o aeroporto de Viracopos. Muitas empresas têm redirecionado seus eventos, que antes aconteciam em São Paulo, para cá”, destacou.
O grande problema para quem atua no setor não é a falta de clientes - e sim de estrutura: já faz algum tempo que a demanda é maior do que a cidade comporta.
Em Campinas, são realizados eventos de médio e pequeno porte, como simpósios e convenções corporativas, sobretudo nos hotéis. Para encontros de maior porte, como feiras e congressos, simplesmente não há local apropriado. 'Hoje não há como fazer um evento em Campinas para mais de 3.500 pessoas”, disse Ferraro. De acordo com ele, um projeto da iniciativa privada pretende inaugurar um espaço para 12 mil pessoas em 2015 na bifurcação das rodovias Anhanguera e Bandeirantes.
Atualmente, Campinas tem oito mil leitos disponíveis em sua rede hoteleira, e a previsão é que passe a ter mais quatro mil até 2014. Se o centro de convenções sair mesmo do papel, a previsão é de que o setor de eventos campineiro cresça 70%.
O crescimento do segmento não beneficia apenas os hotéis: o setor de serviços como um todo também sai ganhando. É o que acontece com os restaurantes, por exemplo. E assim como os hotéis, eles também tratam de ampliar sua capacidade de atendimento - e não apenas no que diz respeito ao que põem na mesa.
A hamburgueria Joe & Leo, por exemplo, instalada no Parque Dom Pedro Shopping, adquiriu equipamentos como aparelhos de TV de alta definição, telão e flip chart para permitir a realização de palestras e apresentações. A unidade também tem investido em sua equipe de funcionários com cursos e treinamentos que vão desde o controle de estresse até atendimento, qualidade e idiomas, explica o diretor da franquia em Campinas, Carlos Américo Louredo, que contabiliza desde o ano passado um crescimento de 30% na quantidade de encontros empresariais realizados na casa.
Em outro ponto da cidade, no distrito de Joaquim Egídio, o Vila Paraíso, fornece, além das refeições, projetor e telão para seminários e palestras, além de uma rede Wi-Fi. Como resultado, o Vila teve um crescimento de 50% no número de eventos em 2011.
Outro exemplo é o Andarilho Bar e Restaurante, que também se tornou um reduto de executivos durante a semana, que vão ao local para assistir a cursos e palestras. 'Antes recebíamos esse tipo de público apenas no final de ano para as confraternizações, mas agora o quadro mudou. Só em janeiro tivemos um aumento de 50% no número de eventos empresariais, afirmou Ley Anicézio, dono do Andarilho.
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